ENSINO
RELIGIOSO SEGUNDO ANO FUNDAMENTAL I
BNCC
Considerando os marcos
normativos e, em conformidade com as competências gerais estabelecidas no
âmbito da BNCC, o Ensino Religioso deve atender os seguintes objetivos:
a) Proporcionar a
aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das
manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos;
b) Propiciar conhecimentos
sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito
de promoção dos direitos humanos;
c) Desenvolver competências e habilidades que
contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida,
exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de
acordo com a Constituição Federal; d) Contribuir para que os educandos
construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos
e da cidadania.
O conhecimento religioso,
objeto da área de Ensino Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas
do conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamente da(s)
Ciência(s) da(s) Religião(ões). Essas Ciências investigam a manifestação dos
fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens
simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da
vida e da morte.
De modo singular, complexo e
diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos e significados de vida
e diversas ideias de divindade(s), em torno dos quais se organizaram
cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos,
símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos
e morais.
Os fenômenos religiosos em
suas múltiplas manifestações são parte integrante do substrato cultural da
humanidade. Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos religiosos a
partir de pressupostos éticos e científicos, sem privilégio de nenhuma crença
ou convicção.
Isso implica abordar esses conhecimentos com
base nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a
existência de filosofias seculares de vida. No Ensino Fundamental, o Ensino
Religioso adota a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e
articuladores dos processos de observação, identificação, análise, apropriação
e ressignificação de saberes, visando o desenvolvimento de competências
específicas.
Dessa maneira, busca
problematizar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o
intuito de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão. ENSINO
RELIGIOSO ENSINO FUNDAMENTAL 433Conteúdo em discussão no CNE. Texto em revisão.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ENSINO RELIGIOSO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
1. Conhecer os aspectos estruturantes das
diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de
pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e
respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e
saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da
coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a
diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições
religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e
posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e
violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no
constante exercício da cidadania e da cultura de paz. Por isso, a
interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e
pedagógicos do Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito
às histórias, memórias, crenças, convicções e valores de diferentes culturas,
tradições religiosas e filosofias de vida.
O Ensino Religioso busca
construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de
vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um
espaço de aprendizagens, experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos
permanentes, que visam o acolhimento das identidades culturais, religiosas ou
não, na perspectiva da interculturalidade, direitos humanos e cultura da paz.
Tais finalidades se
articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que
fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à
vida em sociedade. Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências
gerais da BNCC, a área de Ensino Religioso – e, por consequência, o componente
curricular de Ensino Religioso –, devem garantir aos alunos o desenvolvimento
de competências específicas
ENSINO RELIGIOSO O ser
humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado
contexto histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e
produção cultural. Nesse processo, o sujeito se constitui enquanto ser de
imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (dimensão
subjetiva, simbólica). Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se
relacionem entre si, com a natureza e com a(s) divindade(s), percebendo-se como
iguais e diferentes. A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a
distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, cujas relações dialógicas
são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças,
convicções, valores) necessários à construção das identidades. Tais elementos
embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a ser abordada ao longo
de todo o Ensino Fundamental, especialmente nos anos iniciais. Nessa unidade
pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e acolham o caráter
singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às
semelhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades),
da compreensão dos símbolos e significados e da relação entre imanência e
transcendência.
A dimensão da transcendência é matriz dos
fenômenos e das experiências religiosas, uma vez que, em face da finitude, os
sujeitos e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e
significados à vida e à morte.
Na busca de respostas, o ser
humano conferiu valor de sacralidade a objetos, coisas, pessoas, forças da
natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta. Essa
dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais como o
símbolo, o mito e o rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e
complementares. Por exemplo, objetivamente uma flor é apenas uma flor.
No entanto, é possível
reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar emoções e trazer
lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano ressignificado para
representar algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer a mediação
com outra realidade e, por isso, é uma das linguagens básicas da experiência
religiosa. ENSINO RELIGIOSO ENSINO FUNDAMENTAL Conteúdo em discussão no CNE.
Texto em revisão.
Tal experiência é uma
construção subjetiva alimentada por diferentes práticas espirituais ou
ritualísticas, que incluem a realização de cerimônias, celebrações, orações,
festividades, peregrinações, entre outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos
narram, encenam, repetem e representam histórias e acontecimentos religiosos.
Desta forma, se o símbolo é uma coisa que
significa outra, o rito é um gesto que também aponta para outra realidade. Os
rituais religiosos são geralmente realizados coletivamente em espaços e
territórios sagrados (montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuários,
caminhos, entre outros), que se distinguem dos demais por seu caráter
simbólico. Esses espaços constituem-se em lócus de apropriação
simbólico-cultural, onde os diferentes sujeitos se relacionam, constroem,
desenvolvem e vivenciam suas identidades religiosas.
Nos territórios sagrados frequentemente atuam
pessoas incumbidas da prestação de serviços religiosos. Sacerdotes, líderes,
funcionários, guias ou especialistas, entre outras designações, desempenham
funções específicas: difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos,
interpretação de textos e narrativas, transmissão de práticas, princípios e
valores etc.
Portanto, os líderes exercem uma função
pública, e seus atos e orientações podem repercutir sobre outras esferas sociais,
tais como economia, política, cultura, educação, saúde e meio ambiente.
Esse conjunto de elementos (símbolos, ritos,
espaços, territórios e lideranças) integra a unidade temática Manifestações
religiosas, em que se pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o
respeito às distintas experiências e manifestações religiosas, e a compreensão
das relações estabelecidas entre as lideranças e denominações religiosas e as
distintas esferas sociais.
Na unidade temática Crenças
religiosas e filosofias de vida, são tratados aspectos estruturantes das
diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida,
particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s), crenças e doutrinas
religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e
valores éticos.
Os mitos são outro elemento
estruturante das tradições religiosas. Eles representam a tentativa de explicar
como e por que a vida, a natureza e o cosmos foram criados. Apresentam
histórias dos deuses ou heróis divinos, relatando, por meio de uma linguagem
rica em simbolismo, acontecimentos nos quais as divindades agem ou se
manifestam. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 436Conteúdo em discussão no CNE.
Texto em revisão. O mito é um texto que
estabelece uma relação entre imanência (existência concreta) e transcendência
(o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um acontecimento, o mito situa-se
em um determinado tempo e lugar e, frequentemente, apresenta-se como uma
história verdadeira, repleta de elementos imaginários. No enredo mítico, a
criação é uma obra de divindades, seres, entes ou energias que transcendem a
materialidade do mundo.
São representados de diversas maneiras, sob
distintos nomes, formas, faces e sentidos, segundo cada grupo social ou
tradição religiosa.
O mito, o rito, o símbolo e as divindades
alicerçam as crenças, entendidas como um conjunto de ideias, conceitos e
representações estruturantes de determinada tradição religiosa. As crenças
fornecem respostas teológicas aos enigmas da vida e da morte, que se manifestam
nas práticas rituais e sociais sob a forma de orientações, leis e costumes.
Esse conjunto de elementos originam narrativas
religiosas que, de modo mais ou menos organizado, são preservadas e passadas de
geração em geração pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões,
crenças, ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados
constituíram tradições específicas, inicialmente orais. Em algumas culturas, o
conteúdo dessa tradição foi registrado sob a forma de textos escritos.
No processo de
sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles
escritos, certos grupos sociais acabaram por definir um conjunto de princípios
e valores que configuraram doutrinas religiosas.
Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que
procuram atribuir sentidos e finalidades à existência, bem como orientar as
formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza. As doutrinas
constituem a base do sistema religioso, sendo transmitidas e ensinadas aos seus
adeptos de maneira sistemática, com o intuito de assegurar uma compreensão mais
ou menos unitária e homogênea de seus conteúdos.
No conjunto das crenças e doutrinas religiosas
encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencarnação,
ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da
vida dos seus seguidores.
Essas informações oferecem aos sujeitos
referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja finalidade
é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de ENSINO RELIGIOSO
ENSINO FUNDAMENTAL 437Conteúdo em discussão no CNE. Texto em revisão. códigos
éticos e morais.
Tais códigos, em geral,
definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos
e morais atuam como balizadores de comportamento, tanto nos ritos como na vida
social.
Também as filosofias de vida
se ancoram em princípios cujas fontes não advêm do universo religioso. Pessoas
sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de
fundamentos racionais, filosóficos, científicos, entre outros. Esses
princípios, geralmente, coincidem com o conjunto de valores seculares de mundo
e de bem, tais como: o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento
igualitário das pessoas, a liberdade de consciência, crença e convicções, e os
direitos individuais e coletivos.
ENSINO
RELIGIOSO
2º ANO UNIDADES TEMÁTICAS
Identidades
e alteridades
OBJETOS
DE CONHECIMENTO
O
eu, a família
Memórias
e símbolos
MANIFESTAÇÕES
RELIGIOSAS
Alimentos
sagrados
HABILIDADES Identidades e
alteridades O eu, a família e o ambiente de convivência
(EF02ER01)
Reconhecer os diferentes espaços de convivência.
(EF02ER02) Identificar
costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de
convivência. Memórias e símbolos
(EF02ER03) Identificar as
diferentes formas de registro das memórias pessoais, familiares e escolares
(fotos, músicas, narrativas, álbuns...).
(EF02ER04)
Identificar os símbolos presentes nos variados espaços de convivência. Símbolos
religiosos
(EF02ER05)
Identificar, distinguir e respeitar símbolos religiosos de distintas
manifestações, tradições e instituições religiosas. Manifestações religiosas
Alimentos sagrados
(EF02ER06)
Exemplificar alimentos considerados sagrados por diferentes culturas, tradições
e expressões religiosas.
(EF02ER07)
Identificar significados atribuídos a alimentos em diferentes manifestações e
tradições religiosas.
UNIDADES
TEMÁTICAS
|
OBJETO
DO CONHECIMENTO
|
|
O
EU, A FAMÍLIA E O AMBIENTE DE CONVIVÊNCIA
|
MEMÓRIAS
E SÍMBOLOS
|
SÍMBOLOS
RELIGIOSOS
|
MANIFESTAÇÕES
RELIGIOSAS
|
ALIMENTOS
SAGRADOS
|
HABILIDADES Identidades e alteridades O eu, a família e o ambiente de convivência
(EF02ER01) Reconhecer os diferentes espaços de convivência.
(EF02ER02) Identificar costumes, crenças e formas diversas de
viver em variados ambientes de convivência.
Memórias e símbolos (EF02ER03) Identificar as diferentes
formas de registro das memórias pessoais, familiares e escolares (fotos,
músicas, narrativas, álbuns...).
(EF02ER04) Identificar os símbolos presentes nos variados
espaços de convivência. Símbolos religiosos (EF02ER05) Identificar, distinguir
e respeitar símbolos religiosos de distintas manifestações, tradições e
instituições religiosas.
Manifestações
religiosas
Alimentos sagrados
(EF02ER06)
Exemplificar alimentos considerados sagrados por diferentes culturas, tradições
e expressões religiosas.
(EF02ER07) Identificar significados atribuídos
a alimentos em diferentes manifestações e tradições religiosas.