Geossítio Pedra Cariri
Situado a 3km do centro de Nova Olinda, às margens da rodovia de acesso ao Município de Santana do Cariri, este geossítio compreende uma antiga área de mineração de calcário conhecida por Mina Triunfo.
O Que Visitar
Exploração da Pedra Cariri
Museu de Paleontologia da URCA
Conteúdo Científico: estratigrafia da Formação Crato
“NA ‘PEDRA CARIRI’ TEM
MUITA JAZIDA ENCONTRADA
NA CIDADE DE NOVA OLINDA
FICA NA PEDRA COLADA
E DE FORMAÇÃO SANTANA
ELA É APELIDADA”
História
Em várias cidades do Cariri, encontram-se lugares de mineração e extração da chamada “Pedra Cariri”, lavras de calcários que servem na construção civil desde o século XIX até os dias atuais. Há casas inteiramente edificadas com estas pedras, mas o uso comum é a sua aplicação em revestimentos de paredes, para calçadas e pisos, pelo seu grande valor decorativo. A tecnologia de extração destas pedras – em sua robustez relativamente frágeis – costuma ser rudimentar e, às vezes, remete a tempos pré-industriais. Além destas mineradoras de pedra, pode ser vista a extração de gesso, exportado para todo o Nordeste. Nos últimos anos, há um enorme esforço de coletar os fósseis encontrados nas lavras de calcário, para que sejam encaminhados para o Museu de Paleontologia da URCA, em Santana do Cairiri. Este trabalho de preservação, coleta e registro envolve estudantes, pesquisadores e os próprios trabalhadores das minas.
Aspectos Geológicos
O Geossítio Pedra Cariri apresenta elevado valor científico, devido à ocorrência de fósseis diversos e abundantes, como insetos, pterossauros, peixes e vegetais. Os fósseis desta região são conhecidos em todo o mundo dada a excepcional qualidade de preservação.
Esses fósseis ocorrem na “Pedra Cariri”, um calcário disposto em finas camadas de sedimentos pertencentes ao membro Crato (Formação Santana), depositados há aproximadamente 112 milhões de anos (Período Cretáceo), quando neste local existia um lago de águas calmas, com brejos nas suas margens, onde uma biodiversidade abundante se desenvolvia.
Em diversas localidades da Bacia Sedimentar do Araripe estão preservados, em grande quantidade, principalmente fósseis de: invertebrados (crustáceos, conchostráceos, insetos, aracnídeos, caranguejos e escorpiões), vertebrados (peixes, anuros, pterossauros, quelônios, crocodilianos e aves) e vegetais (algas, samambaias, gimnospermas e angiospermas).Dentre os insetos, inúmeros grupos foram identificados no membro Crato, entre eles: ensíferos (grilos), efemerópteros (efêmeras), hemípteros (percevejos), himenópteros (vespas e formigas), neurópteros (formigas de asas), homópteros (cigarrinhas), blatópteros (baratas), isópteros (térmitas), dermápteros (lacraias), coleópteros (besouros), lepidópteros (borboletas), tricópteros (pequenas mariposas), celíferos (gafanhotos) e dípteros (moscas e mosquitos).
Esta grande quantidade e variedade de fósseis de insetos ocorre no mesmo nível de rocha calcária, com restos vegetais de plantas, com flores, o que permite interpretar que, provavelmente, as primeiras polinizações de flores por insetos ocorreram nessa época do Cretáceo.
Libélula (Cordulagomphus andreneli, Bechly 1998)
Há libélulas, no registro geológico, desde o Período Neocarbonífero, cerca de 320 milhões de anos atrás, sendo descritas, desde então, pouco mais de 700 espécies. Neste período, as libélulas tinham três pares de asas, sendo o primeiro par bem pequeno. Depois, com a evolução, perderam estas asas, ficando com dois pares, como é a maioria dos insetos. Por isso, suas asas são características de um tipo bem antigo, que não se dobram, são estreitas e alongadas.
Estes pequenos insetos têm grandes olhos compostos e pequenas antenas finas como agulhas. Seu abdômen é longo e delgado. Atualmente, elas atingem 12cm, da ponta de uma asa à outra, mas, no Neocarbonífero, alcançaram 75cm.
As libélulas têm uma fase larval aquática e uma fase adulta aérea. As adultas voam em campo aberto, na beira dos bosques e na margem de lagos e rios, e são excelentes predadoras, pois têm mandíbulas fortes que trituram pequenos insetos. As libélulas se encontram em diversas regiões da Terra, menos nas áreas muito frias ou muito áridas. Quase 55% das libélulas pertencem ao grupo dos Gomphidae, com larvas mais adaptadas às águas correntes (rios).
Existem 46 espécies de libélulas descritas do membro Crato da Formação Santana desde 1987, sendo o Araripe o local com a maior diversidade de libélulas cretáceas até hoje conhecido. Elas constituem cerca de 2% dos insetos encontrados nesta unidade. Os restos das libélulas do membro Crato, ao fossilizarem, foram substituídos por pirolusita, um mineral opaco de cor marrom a preta.
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